Eu tenho a consciência que muitas pessoas são afetadas por esse problema diariamente nas suas vidas. Fazendo com que elas se tornem pessoas ansiosas, amarguradas e até deixem de fazer o que realmente querem.
Por isso decidi escrever sobre esse assunto. Mas, como todas as outras edições, tem uma parte do que sou nela. É algo que me afetou e ainda afeta em alguns momentos sem eu nem mesmo perceber.
Um mal que pode ser silencioso, mas perigoso
Não me lembro quando foi a primeira vez que senti essa pressão para obter resultados e nem como ela me afetou naquele momento. Mas me lembro muito bem dos momentos em que ela me fez desistir e me fez mal de verdade.
Já contei em algumas outras edições sobre como tentei produzir conteúdo na internet várias vezes e em como acabei “falhando”. Coloquei a culpa dessa falha em várias coisas, como não gostar das áreas nas quais estava, não ser uma pessoa disciplinada ou motivada o bastante e, até mesmo, por não ter o conhecimento necessário.
Mas no fundo, eu sempre soube que a pressão para ter resultados teve uma parcela grande nessa culpa. E não era uma pressão exercida por ninguém em específico, como acontece por um chefe no trabalho, era algo mil vezes pior (na minha opinião).
Eu mesmo estava me sabotando, criando barreiras e metas imaginárias, sem sentido nenhum.
E isso acabava ofuscando minha evolução pessoal, que era o mais importante. Eu começava um projeto, como produzir conteúdo em redes sociais, e ganhava algumas curtidas, melhorava minha forma de fazer esses conteúdos e tinha cada vez mais conhecimento. Mas isso não bastava…
Porque eu olhava para outro perfil da mesma área e ele estava tendo mais resultados. Parecia que meus conteúdos não eram bons e que eu não prestava para aquilo. Esquecendo de todos os pontos em que estava melhorando, além de ser aquilo que queria fazer, só isso já bastava.
Com o tempo, essa comparação só ia piorando cada vez mais. Porque eu me esforçava mais e não tinha resultados parecidos, só afirmando aqueles pensamentos negativos. Fazendo com que fosse colocado menos esforço naquilo e, consequentemente, parando de fazer.
Isso não aconteceu somente com produção de conteúdo na internet (claro que a internet aumenta tudo). Quando tentei praticar algum esporte novo ou aprender algo, parecia meio que inevitável me comparar. Parecia que todo mundo era superior a você em todos os sentidos. Entrando naquele ciclo de pensamentos negativos que leva a desistência.
Cuidado para não entender errado. Faz bem tentar algo novo e se sentir iniciante em algo. Mas é importante focar na palavra iniciante, olhando para si e sua evolução dessa forma.
Olhe para o que ocorre no “backstage”
Até aqui, já deu para perceber que a maior parte da pressão vem de uma comparação imaginária. Fazendo com que você se sinta atrasado em alguns momentos e mal por não ter um resultado parecido.
Mas você já se perguntou pelo o que aquelas pessoas passaram para ter esses resultados?
Porque é muito fácil chegar na internet e postar carrões, coisas caras e resultados obtidos na sua área. Mas ninguém se pergunta o que essas pessoas fizeram para conquistar isso. Muitos devem ter passado por tudo que você está passando nesse momento ou por mais dificuldades ainda.
Ou estavam bem posicionados no momento certo e acabaram tendo um pouco de sorte. Não estou tirando os méritos, essa pessoa podia estar preparada quando a oportunidade apareceu. Talvez menos ou até mais preparada que você.
Ou só está mostrando o que ela realmente deseja que vocês vejam…
O ponto aqui, é não se preocupar com o que os outros conquistaram ou deixaram de conquistar e nem como eles chegaram onde estão hoje. No final, não vai fazer diferença se uma pessoa do seu ramo deu sorte ou sofreu pra chegar onde você quer estar. Ainda sim, você vai ter que trabalhar olhando somente para sua evolução pessoal. E talvez quando a sorte sorrir para você, esteja preparado.
Com isso, parece que a pressão acaba se tornando a grande vilã de toda essa história. Sendo ela a culpada por nos fazer desistir de nossos sonhos e objetivos, por roubar nosso potencial e nos paralisar.
“A pressão é um privilégio”.
Provavelmente você já viu essa frase em algum lugar. Depois de estudar várias pessoas bem sucedidas de diferentes ramos e profissões, eu não poderia concordar mais com isso.
Vi uma fala do lutador do UFC, Khabib Nurmagomedov, falando sobre uma conversa com seu pai. Onde o pai dele sempre dizia que era bom sentir pressão, porque diamantes são feitos sob pressão. Então se ele queria se tornar um dos melhores, precisaria da pressão.
Trazendo essa fala do pai dele pra nossa realidade, a pressão é um dos maiores catalisadores dos nossos resultados. Pense em como você costuma trabalhar ou fazer alguma atividade quando tem muito tempo. E agora, pense nessa mesma atividade com pouco tempo, sentindo aquela pressão de precisar fazer agora.
Geralmente, essa pressão te faz se esforçar mais e perder menos tempo com outras coisas. Claro, nem sempre essa pressão vai ser benéfica para você.
Falando de um exemplo pessoal. Fiz algumas dívidas há um tempo atrás e não ia conseguir pagar em dia se continuasse ganhando o mesmo valor. Isso trouxe uma pressão enorme para minha vida (quase me deixando careca de verdade kkkkkkk).
Eu poderia reagir de duas formas aqui. Caso fosse uma pessoa que não se importasse tanto com isso, ficaria ganhando a mesma coisa ou até largaria tudo. Mas como me importava muito com a minha evolução pessoal e queria fazer dar certo, a pressão tirou o melhor de mim, fazendo com que trabalhasse e me esforçasse mais que o normal.
Tive danos colaterais? Sim. Valeu a pena? Sim.
Um dos maiores ensinamentos que tive na minha vida, foi que tudo tem um preço. Qualquer coisa que você escolher fazer, vai ter que sacrificar outra. A pergunta que você deve fazer, é se realmente vale a pena pagar esse preço.
Porque é preciso ser criado algum tipo de “estresse” para que haja uma evolução pessoal. E esse estresse é você fora da sua zona de conforto. Sem isso, jamais poderíamos evoluir.
Imagina um filme de herói, onde o personagem principal não passa por dificuldades. Ele vai acabar estagnado e não evoluindo.
Então, sempre que estiver em um momento de pressão e dificuldade, primeiro se pergunte: qual preço eu vou pagar por isso? Vale a pena? Se a resposta para segunda pergunta for sim. Pense nessa dificuldade como algo que veio pra te tirar da sua zona de conforto, só assim você pode evoluir. Por isso a pressão é um privilégio.
E o que a ciência diz sobre isso?
A psicologia explica muito bem esse fenômeno.
Existe uma teoria clássica chamada Lei de Yerkes-Dodson, que mostra como a pressão — ou o estresse — pode melhorar o nosso desempenho, desde que esteja na medida certa.
É aquela pressão que te move, que te dá foco, que te faz terminar o que começou. Mas quando ela ultrapassa esse “ponto ideal”, o efeito se inverte: ansiedade, bloqueio e desistência.
O que define esse ponto? Muitas vezes, a comparação.
Quando você se compara com alguém que já está mais à frente (seja na internet ou na vida real), a pressão deixa de ser motivadora e passa a parecer um peso que você não consegue carregar. E aí, ao invés de avançar, você trava.
Segundo o psicólogo Leon Festinger, criador da Teoria da Comparação Social, quando usamos os outros como régua de medição, isso pode causar estresse, frustração e até uma queda na autoestima, especialmente se a régua não tem nada a ver com a sua realidade.
Por outro lado, a ciência também mostra que pessoas com mais autoeficácia (a crença de que são capazes) e com uma mentalidade de crescimento, conseguem lidar melhor com a pressão.
Elas transformam esse desconforto em energia.
Não porque é fácil, mas porque acreditam que são capazes de atravessar aquilo.
No fim das contas, o mais importante não é fugir da pressão, é entender como ela te afeta e se você está emocionalmente pronto pra ela agora.
Como extrair o melhor da pressão?
Talvez eu não seja a melhor pessoa para falar sobre isso. Pois, por muito tempo, sofri com a pressão e fiquei paralisado na maioria dos momentos. Mas quando continuei andando apesar da pressão, foi os momentos em que mais evolui e aprendi.
E venho convivendo com um tipo de pressão constante, desde que decidi largar a faculdade. Porque o caminho parecia muito claro quando estava estudando. Fazer as matérias que estão na grade curricular, se formar e arrumar um emprego na área. Essa pressão só foi aumentando através dos anos, porque meus antigos colegas estavam avançando nesse caminho.
Como eu venho lidando com isso? Como extrair o melhor dessa situação?
Acredito que tudo começa com um propósito, um motivo para fazer aquilo. O meu, foi largar a faculdade para empreender em algo que fizesse sentido para mim. Todas as vezes em que eu fugi disso e fiz algo que não fosse tão claro na minha cabeça, a pressão se transformava em algo paralisante e criava dúvidas, que me faziam querer desistir.
Mas quando estava fazendo algo alinhado com esse motivo, essa pressão era o meu maior motivador. Me fazia continuar e trabalhar em momentos que não queria. Sempre extraindo mais resultados que o normal.
Então, comece pelo motivo. Só assim a pressão se torna motivação.
Depois de estar alinhado com seu propósito, tenha em mente aquilo que já falei sobre comparação. Não faz sentido se comparar com pessoas que tiveram experiências diferentes. A pressão que vem disso, só vai te consumir e jogar para baixo.
O melhor exemplo disso, é minha jornada no substack (curta jornada ainda kkkkkk). Comecei a escrever no substack porque queria falar sobre o que eu pensava, sem medo de ser julgado. Mas não achei que fosse algo que as pessoas gostariam de ler.
Porém, vi alguns escritores aqui da plataforma falando sobre coisas cotidianas e de uma forma pessoal, mostrando o que realmente pensavam sobre aquilo. Isso me mostrou que eu não precisava ter receio ou algo do tipo.
Trazendo pra parte da comparação. Se eu olhasse para os números desses escritores e para a forma como eles escrevem, com objetivo de me comparar, seria algo paralisante desmotivador. Mas vejo como uma forma de aprendizado e motivação.
Porque estou olhando para minha evolução pessoal de forma única. Eles não passaram pelo que eu passei e eu não passei pelo que eles passaram. Não olho para como eles escrevem melhor do que eu. Mas para como eu estou escrevendo melhor agora do que quando comecei. Não olho para os mais de 10 mil inscritos deles. Mas olho para os 100 inscritos a mais que conquistei.
Depois que comecei a olhar para minha jornada dessa forma, prestando mais atenção na minha evolução pessoal e não nos resultados dos outros, me tornei uma pessoa mais motivada e feliz com meu progresso.
Fazer algo sem precisar se comparar com outras pessoas é o último nível de liberdade que alguém pode ter.